Por Hubert Alquéres
O que foi dito pelo Palácio do Planalto
logo após ser surpreendido pelo panelaço do último domingo não convence sequer
o mais crédulo e fanático petista. Acusar a classe média, a burguesia e a
oposição de querer um terceiro turno eleitoral, e desqualificar a barulhenta
manifestação, é mero discurso para consumo interno. É a única e quase
desesperada linha de defesa ao alcance das mãos de uma presidente isolada de
tudo e todos.
Dilma e seus
estrategistas sabem muito bem que o panelaço foi a ponta do iceberg de um
estado de espírito existente em diversos segmentos da sociedade.
A ira dos
brasileiros vem crescendo desde as eleições e tende a se avolumar cada vez
mais. Não é difícil entender as razões.
No mundo conectado
de hoje, ninguém muda de discurso, da noite para o dia, impunemente. A
transparência passou a ser um valor a partir do qual os brasileiros julgam seus
políticos.
Ora, a presidente
adotou durante a campanha o discurso de Alice no País das Maravilhas. Fez mais:
acusou seu adversário, afirmando que, se vencesse, ele promoveria desemprego,
recessão, aumento de juros e o diabo a quatro.
Pois bem, eleita
Dilma deu um cavalo de pau na economia, e fez tudo o que disse que seu
adversário faria. Legitimamente, os brasileiros, mesmo parte dos seus
eleitores, se sentiram logrados, vítimas de grossas mentiras.
Perceberam que o
país não vivia em um conto de fadas, como vendia a candidata Dilma, mas em um
filme de terror, uma crise econômica gravíssima, na qual recessão e inflação
andam de mãos juntas.
A ira do povo
aumentou ao constatar que a presidente vinha com mais uma história da
carochinha: a conversa de que a crise econômica era produto da situação externa
e da seca, que ela repetiu no pronunciamento na TV no Dia da Mulher, na
tentativa de transferir responsabilidades, de livrar a cara de seu governo.
Aí já era demais!
Foi contestada até mesmo por Marta Suplicy, hoje prestes a ser mandada para a
fogueira da inquisição petista: “Tentando se apoiar na ultrapassada
justificativa da crise internacional, Dilma negou, mais uma vez, a gravidade e
dimensão da atual crise econômica, as responsabilidades do seu governo e as
consequências de seus desdobramentos para o povo brasileiro”.
Mas qual a gota
d´água que transbordou no panelaço ?
A corrupção na
Petrobras.
Ou melhor, a
insistência do governo de diluir sua gravidade, de transferir
responsabilidades, de tergiversar. De vir com escapismo do tipo “estão querendo
privatizar a Petrobrás”, de ver conspirações onde inexistem, de manipular,
chantagear e alardear que há um golpe em curso; de desqualificar a classe
média, tachando-a de fascista.
O iceberg tem,
portanto, uma base objetiva. No domingo mostrou a sua ponta. Nesta terça-feira
veio à tona mais um pouco: Dilma e o PT foram vaiados no Salão Internacional da
Construção em São Paulo.
Essa é a verdadeira
dimensão da crise: a cada dia aumenta o fosso entre a presidente e o povo.
Corremos sério risco
de ter uma presidente, por quatro anos, aprisionada nas redomas do Palácio do
Planalto. Que reina, mas não governa.
O que foi dito pelo Palácio do Planalto
logo após ser surpreendido pelo panelaço do último domingo não convence sequer
o mais crédulo e fanático petista. Acusar a classe média, a burguesia e a
oposição de querer um terceiro turno eleitoral, e desqualificar a barulhenta
manifestação, é mero discurso para consumo interno. É a única e quase
desesperada linha de defesa ao alcance das mãos de uma presidente isolada de
tudo e todos.
Dilma e seus
estrategistas sabem muito bem que o panelaço foi a ponta do iceberg de um
estado de espírito existente em diversos segmentos da sociedade.
A ira dos
brasileiros vem crescendo desde as eleições e tende a se avolumar cada vez
mais. Não é difícil entender as razões.
No mundo conectado
de hoje, ninguém muda de discurso, da noite para o dia, impunemente. A
transparência passou a ser um valor a partir do qual os brasileiros julgam seus
políticos.
Ora, a presidente
adotou durante a campanha o discurso de Alice no País das Maravilhas. Fez mais:
acusou seu adversário, afirmando que, se vencesse, ele promoveria desemprego,
recessão, aumento de juros e o diabo a quatro.
Pois bem, eleita
Dilma deu um cavalo de pau na economia, e fez tudo o que disse que seu
adversário faria. Legitimamente, os brasileiros, mesmo parte dos seus
eleitores, se sentiram logrados, vítimas de grossas mentiras.
Perceberam que o
país não vivia em um conto de fadas, como vendia a candidata Dilma, mas em um
filme de terror, uma crise econômica gravíssima, na qual recessão e inflação
andam de mãos juntas.
A ira do povo
aumentou ao constatar que a presidente vinha com mais uma história da
carochinha: a conversa de que a crise econômica era produto da situação externa
e da seca, que ela repetiu no pronunciamento na TV no Dia da Mulher, na
tentativa de transferir responsabilidades, de livrar a cara de seu governo.
Aí já era demais!
Foi contestada até mesmo por Marta Suplicy, hoje prestes a ser mandada para a
fogueira da inquisição petista: “Tentando se apoiar na ultrapassada
justificativa da crise internacional, Dilma negou, mais uma vez, a gravidade e
dimensão da atual crise econômica, as responsabilidades do seu governo e as
consequências de seus desdobramentos para o povo brasileiro”.
Mas qual a gota
d´água que transbordou no panelaço ?
A corrupção na
Petrobras.
Ou melhor, a
insistência do governo de diluir sua gravidade, de transferir
responsabilidades, de tergiversar. De vir com escapismo do tipo “estão querendo
privatizar a Petrobrás”, de ver conspirações onde inexistem, de manipular,
chantagear e alardear que há um golpe em curso; de desqualificar a classe
média, tachando-a de fascista.
O iceberg tem,
portanto, uma base objetiva. No domingo mostrou a sua ponta. Nesta terça-feira
veio à tona mais um pouco: Dilma e o PT foram vaiados no Salão Internacional da
Construção em São Paulo.
Essa é a verdadeira
dimensão da crise: a cada dia aumenta o fosso entre a presidente e o povo.
Corremos sério risco
de ter uma presidente, por quatro anos, aprisionada nas redomas do Palácio do
Planalto. Que reina, mas não governa.